Pular para o conteúdo principal

Vovô francês: não basta indignar-se tem de...

Stéphane Hessel, o escritor e diplomata francês, de noventa e três anos, que escreveu o maior best seller do ano 2010 - Indignai-Vos! - lançou uma continuação desse seu manifesto-exortação. Falo de: Engagez-vous (ainda sem edição no Brasil). Trata-se de um diálogo de gerações entre Hessel e Gilles Vanderpooten, de 25 anos.



Nos mesmos moldes do anterior, Empenhai-vos(Engagez-vous) é simples e pequeno. Os autores mostram preocupações e sensibilidades distintas para as mesmas questões dos direitos do homem,defesa de sem-papeis, desigualdades, ecologia. Nas palavras de Stéphane Hessel:"O que nos propúnhamos fazer, durante a Resistência, não se pode aplicar hoje. Mas os valores são os mesmos. Os valores da República e da Democracia. Penso que hoje se podem julgar os sucessivos Governos, que temos conhecido, à luz desses valores."
O lançamento de um segundo livro faz todo um sentido. depois de indignar-se cada um dos leitores deve empenhar-se. Tomar para si a defesa/tentativa/resolução dos fatos que lhe indignaram. A participação do jovem Gilles Vanderpooten (25 anos) é uma clara demonstração de que apesar de nonagenário Stéphane não se fechou em teorias, visões de sua época de resistente. Olhando no sentido contrário, é bom ver uma pessoa tão jovem ter interesse em efetivamente participar e fazer isso pelo começo: respeito. Gilles respeitou a pessoa de Hessel a ponto de ouvi-lo. ambos se presentearam com dialogo rico e presentaram o público leitor com empenhos tão diferentes.


Leia também:Vovô francês indignado
http://livroerrante.blogspot.com/2011/04/ao-lado-um-vovo-frances-de-93-anos-como.html

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Os Dentes do Jacaré, Sérgio Capparelli. (poema infantil)

De manhã até a noite, jacaré escova os dentes, escova com muito zelo os do meio e os da frente. – E os dentes de trás, jacaré? De manhã escova os da frente e de tarde os dentes do meio, quando vai escovar os de trás, quase morre de receio. – E os dentes de trás, jacaré? Desejava visitar seu compadre crocodilo mas morria de preguiça: Que bocejos! Que cochilos! – Jacaré, e os dentes de trás? Foi a pergunta que ouviu num sonho que então sonhou, caiu da cama assustado e escovou, escovou, escovou. Sérgio Capparelli  CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983. Leia também: Velho Poema Infantil , de Máximo de Moura Santos.