Pular para o conteúdo principal

Quarta-feira é dia de conto:O Celular de Fantasia

O Celular da Fantasia
Heloisa Seixas
Ouvi a voz atrás de mim. Alguém falando sozinho. Antigamente, só louco. Hoje, não. Hoje as pessoas falam sozinhas no telefone celular. Virei-me, displicente. Era um mendigo. Mas, que estranho, tinha alguma coisa na mão – e parecia um celular! Não pode ser, pensei. Cheguei mais perto. E ri. Não havia celular algum. Ele falava sozinho, segurando um telefone imaginário. Seu celular de fantasia. Parecia com isso querer equiparar sua loucura à loucura da gente comum. Isso o fazia, quem sabe, sentir-se um igual.

Comentários

  1. Adorei o conto. O título muito bom e atual. O LIvro Errante só acerta. Bjs para Regina.
    há ± um minuto · CurtirCurtir (desfazer)

    ResponderExcluir
  2. Olá ,Cláudio

    Livro errante agradece a sua visita. Aceitamos suas sugestões, caso queira dar.
    abraço
    Regina

    ResponderExcluir
  3. Olá ! REGINA,
    ASSUNTO 1:
    Adoro o texto da Heloísa Seixas.
    Parabéns pela escolha!
    Assunto 2:
    Parabéns pelo LIVRO ERRANTE estar
    entre os 30 blogs mais votados no
    Topblog 2011!
    Assunto 3:
    Eu assino e recebo, mensalmente,
    no meu e-mail, o jornal literário:
    SOBRECAPA LITERAL.
    No mês de agosto, na página 4,logo
    abaixo da entrevista com Bartolomeu
    Campos de Queirós, tem dois links
    de vídeos com o escritor valter
    hugo mãe. IMPERDÍVEIS!!!!!!
    Espero que você goste.
    bjs
    Cristina Sá do blog:
    http://cristinasaliteraturainfantil
    ejuvenil.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Cristina:
    Fui ao Jornal Sobrecapa, gostei muito e assinei.

    Já vi mais de uma vez a entrevista de Valter a Edney Silvestre, bem como a participação dele na mesa 6. O livro dele fica a seu dispor assim que terminar de ler.
    Obrigadão pela dica.
    beijo
    Regina

    ResponderExcluir
  5. ótima crônica !
    perto de minha residência tem um mendingo que TEM UM CELULAR de verdade...talvez não tenha o que comer nem casa para morar, mas é um mendingo com celular. Creio que é porque "atue" perto da Av. Paulista.....

    ResponderExcluir
  6. Tânia,
    Questão de imagem; de adequação ao ambiente....Onde já se viu não ter celular, se trabalha na avenida mais famosa do pais? :) :)
    Abraço,
    Regina

    ResponderExcluir

Postar um comentário

comentários ofensivos/ vocabulário de baixo calão/ propagandas não são aprovados.

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Os Dentes do Jacaré, Sérgio Capparelli. (poema infantil)

De manhã até a noite, jacaré escova os dentes, escova com muito zelo os do meio e os da frente. – E os dentes de trás, jacaré? De manhã escova os da frente e de tarde os dentes do meio, quando vai escovar os de trás, quase morre de receio. – E os dentes de trás, jacaré? Desejava visitar seu compadre crocodilo mas morria de preguiça: Que bocejos! Que cochilos! – Jacaré, e os dentes de trás? Foi a pergunta que ouviu num sonho que então sonhou, caiu da cama assustado e escovou, escovou, escovou. Sérgio Capparelli  CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983. Leia também: Velho Poema Infantil , de Máximo de Moura Santos.