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Mostrando postagens de junho, 2014

Copa do Mundo do blog

                                 Por falta de tempo, optei por fazer uma copa do mundo com os livros que passaram por minhas mão nos últimos seis meses. Por sorteio atribui um título a cada país ( não houve, portanto, preocupação de escolher um livro de autor do pais que está jogando)  e esses livros jogarão e terão o placar igual ao do jogo real. Copa do mundo de brincadeira já começa nas oitavas de final e hoje jogaram:   Avódezanove ,  Ondjaki 3 x 2  A Confissão da Leoa , Mia Couto Em Alguma Parte Alguma , Ferreira Gullar 2 x 0 A Máquina de Fazer Espanhóis , Valter Hugo Mãe Avódezanove x Em Alguma Parte Alguma    Jogam no dia 4 de julho às 17h na Arena Castelão - Fortaleza Próximos jogos das oitavas de final: Nosso Reino , VHM 2 x 1  A Sul, O Sombreiro, Pepetela dia 29 de junho - 13h Arena Castelão Nosso Reino joga com O Conto da Ilha Desconhecida no dia 5  de julho O Conto da Ilha Desconhecida , Saramago 5 x 3  I

Véspera de São João no Recife, Rubem Braga

                                                                                           O que é da terra, é da terra, e fala da terra, João, eu falarei da terra.                                  Ora João, tu tinhas um vestido de peles de camelo, e uma cinta de couro em volta dos teus rins; e a tua comida era gafanhotos e mel silvestre. E a filha de Herodias bailou, e era linda. E quando disse o que  queria neste mundo o rei entristeceu. Eras a voz que clama do deserto, e clamavas na cadeia. E tua cabeça veio num prato para as mãos da bailarina.                                  João, esta geração de homens continua a mesma da qual disse o senhor: “São semelhantes aos meninos que estão assentados no terreiro, e que falam uns para os outros e dizem: nós  temos cantado ao som da gaita, para vos divertir, e vós  não bailastes; temos cantado em ar de lamentação, e vós não chorastes.”                                          João, ontem foi a noite de véspera de   teu dia. O

Quarto de Moça, Rubem Braga

                                  Alguém me fala do apartamento em que você morou em Paris, em uma pequena praça cheia de árvores; outra pessoa esteve em sua casa de Nápoles; eu me calo. Mas, eu conheci seu quarto de solteira. Era pequeno, gracioso e azul; ou é a distância que o azula na minha lembrança?             Junto à janela havia uma grande amendoeira antiga; às vezes o vento levava pra dentro uma grande folha cor de cobre - gentileza da amendoeira. Que tinha outras: pássaros, quase sempre pardais, às vezes um tico-tico, ou uma rolinha, ou um casal de sanhaços azulados.             E no verão, como as cigarras ziniam! Lembro o armário escuro e simples onde cabiam seus vestidos de solteira, que não eram muitos; e lembro alguns deles, um roxinho singelo, um estampado alegre, de flores, um outro de linho grosso, cor de areia. Havia uma pequena estante; e, entre os livros, o meu primeiro livro, com uma dedicatória tímida. Na parede, uma fotografia, uma imagem de santa, e u

Na Área, Armando Nogueira

Clarice Lispector: Há uma semana, não encontro no Rio uma pessoa amiga que não me pergunte: “Então, quando é que você vai aceitar o desafio da Clarice Lispector”? (Permita, leitor, explicar que eu tinha pedido, daqui, uma crônica de Clarice Lispector sobre futebol. Ela escreveu, escreveu uma crônica admirável; mas, num impulso de terna vingança, Clarice me multou: desafiou-me a perder o pudor e escrever sobre a vida). Agora, os cobradores de Clarice estão à minha porta, carinhosamente, exigindo a resposta, mas com uma impaciência que me angustia como a véspera de um grande jogo. Que dizer de um jogo que ainda não terminou? E mesmo quando termine, Clarice, o  match  de minha vida não justificará sequer resenha: é match-treino, sem placar, sem juiz, nem multidão. Por tudo! Que está bom assim, embora melhor se fosse uma pelada – mil meninos jogando a minha vida, alheios ao vento que às vezes persegue tanto o time da gente. Jamais seria um bom de

Armando Nogueira,O Futebol E Eu,Coitada. Clarice Lispetor

     E o título sairia muito maior, só que não caberia numa única linha. Não leio todos os dias Armando Nogueira – embora todos os dias dê pelo menos uma espiada rápida – porque “meu futebol” não dá pra entender tudo.  Se bem que Armando escreve tão bonito (não digo apenas “bem”), que às vezes, atrapalhada com a parte técnica de sua crônica, leio só pelo bonito.  E deve ser numa das crônicas que me escaparam que saiu uma frase citada pelo Correio da Manhã, entre frases de Robert Kennedy, Fernandel, Arthur Schlesinger, Geraldine Chaplin, Tristão de Athayde e vários outros, e que me leram, por telefone. Armando dizia: “ De bom grado eu trocaria a vitória de meu time num grande jogo por uma crônica…” e aí vem o surpreendente: continua dizendo que trocaria tudo isso por uma crônica minha sobre futebol.                             Meu primeiro impulso foi o de uma vingança carinhosa: dizer aqui que trocaria muita coisa que me vale muito por uma crônica de Armando Nogueira sobre di

Melhores Livros Infantis de 2014, Revista Crescer

                   A Revista Crescer, como faz anualmente,  divulgou a lista dos melhores livros infantis de 2014.  Vamos ver o que ela sugere que eu compre para o Theo Eloísa e os   Bichos -Texto: Jairo Biutrago, Ilustração: Rafael Yockteng -Ed.Pau no Gato -Idade: a partir de 6 anos                                                                                 Com o pai, Eloísa se muda para uma nova cidade. Enquanto ele procura emprego, ela vai para a escola, onde se sente um bicho estranho. Conforme ela descreve seus incômodos, as ilustrações mostram Eloísa cercada por bichos gigantes. Entre os colegas, por exemplo, havia gafanhoto, lesma, borboleta... Fazendo uso de imagens fantásticas, o livro revela sentimentos recorrentes em situações de mudança. Lançado na Colômbia em 2009, o livro está na lista White Raven da Biblioteca de Munique e entre os melhores do banco de livros da Venezuela. O texto é do colombiano Jairo Buitrago e as imagens de Rafael Yockteng. C

No Tempo da Balas Futebol, Roberto Pompeu de Toledo

                          Pode haver futebol sem as Balas Futebol? Dada a gravidade da questão, vai-se repetir a pergunta: "Pode haver futebol sem as Balas Futebol?". A resposta, por mais frustrante, é que sim, pode. Com mágoa e tristeza, reconheça-se que pode. O mundo é cruel o suficiente para permitir que o futebol prossiga sua carreira vitoriosa, mesmo sem as Balas Futebol.                                         Mas algo se perdeu no meio do caminho. Algo do encanto se quebrou. Esclareça-se ao leitor desavisado o que eram as Balas Futebol. Eram balas que traziam, junto, figurinhas com as estampas dos craques dos diferentes times. Adquiria-se um álbum e ia-se colando nele as figurinhas.              Talvez as gloriosas Balas Futebol não tenham sido as únicas do gênero. Álbuns com o mesmo espírito, de iniciativa de outros valentes empreendedores, terão existido. Importante a ressaltar é o papel que, tanto no futebol como na vida em geral, desempenhavam tais álbuns